Sumário

quinta-feira, 23 de maio de 2019

PONTES de PORTIMÃO

SUMÁRIO DO BLOG na linha abaixo da gravura de entrada. 
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Meia dúzia de reflexões sobre a semântica do tema de hoje



Na campo semântico a frase do azulejo mostra um excelente exemplo de sinonímia para uns e de antonímia para outros 



O vocábulo - ponte - tem origem no latim pons, que por sua vez tem origem na língua extinta etrusca pont, que significa "estrada".
Outra possível origem da palavra é o vocábulo grego póntos que deriva do radical pent, que significa "acção de caminhar"

AS PONTES e a SEMÂNTICA

A POLISSEMIA de PONTES 
multiplicidade de significados.
Do grego polis, significa "muitos", enquanto sema refere-se ao "significado".

Pontes simbolizam união por excelência pois são construções que permitem interligar, ao mesmo nível, pontos não acessíveis separados por rios, vales,  outros obstáculos naturais ou artificiais
ou
um factor de união ou de encontro entre pessoas, culturas, povos, 
ou ainda simbolizam encontro de ideias




Tipos de Pontes segundo a utilização dada

* pontes pedonais para passagem de pessoas ou animais pelo próprio pé 

* pontes rodoviárias para o tráfego de veículos de tracção animal ou mecânica
Ponte Romana de Alcântara (ponte fortificada)

Ora aqui temos um linda redundância mourisca-luso-castelhana.
A povoação de Alcântara, na Estremadura espanhola, Província de Cáceres, tomou o nome de Alcântara (ponte, em árabe) exactamente por estar nas proximidades da célebre e linda ponte romana sobre o Tejo.
Em Portugal temos alguma povoações com topónimo com a mesma origem (p.e.) Alcântara Lisboa e mais curiosamente há uma povoação algarvia que vai buscar a origem ao mesmo topónimo "alcântara" mas como a ponte era pequenina ficou Alcantarilha. Refiro-me como é evidente a Alcantarilha, freguesia do Concelho de Silves.

* pontes ferroviárias para o tráfego de comboios

* aquedutos para passagem de água

* oleodutos para passagem de petróleo e seus derivados


 * viadutos passagens aéreas nas áreas urbanas e não só

Viaduto Duarte Pacheco

Viaduto de acesso a Lisboa, começa no final da Serra de Monsanto, atravessa o Vale de Alcântara, indo terminar em Campolide, 
Inaugurado a 28 de Maio de 1944 ao mesmo tempo que se  inaugurava a primeira autoestrada em Portugal (e das primeiras do Mundo)  Lisboa-Estádio Nacional (Oeiras) com 471 m de comprimento, 24 de largura e 27 m de altura máxima.

Curiosidade: No dia da inauguração, o governo da altura,  distribuiu 25$00 a 14.000 pobres de Lisboa e a 5.000 pobres do Porto. 
(Por antonímia, actualmente, os políticos envolvidos neste tipo de obras embolsam  milhões de euros e mais embolsam quanto maior for a derrapagem,  posteriormente ainda são nomeados para os respectivos conselhos de administração e não deixam de ser recompensados com medalha e comenda)



Construção do Viaduto Duarte Pacheco

Repare-se no aspecto árido da Serra de Monsanto.
Pedregosa e completamente desflorestada. 
Por esta época, 1929, foi elaborado o Plano de Arborização mas  é a Duarte Pacheco que se deve a criação do Parque Florestal de Monsanto em  1934  (Decreto-Lei n.º 24625).
O projecto de arborização é da responsabilidade do Eng. Silva Joaquim Rodrigo.
As poucas árvores que existiam na Serra eram as da Mata de São Domingos de Benfica, as da Tapada da Ajuda e ainda algumas oliveiras que ladeavam as estradas que dividiam os terrenos.
Actualmente é o grande pulmão da capital


PONTES de PORTIMÃO
1 -  Ponte Velha EN 125 -  ano de 1876
8 pilares e 2 apoios. 
Entre os dois últimos pilares, da margem direita há uma largura reduzida - uns 10m - para permitir a passagem de embarcações sobretudo na maré alta
Ponte velha de Portimão sobre o rio Arade liga os Municípios de Portimão e Lagoa tendo sido inaugurada em 1876.
Fechou para reparações em 2007 e reabriu em 15 de Julho de 2009


2 - Ponte Ferroviária  1915 com 6 arcos em ferro e 5 pilares em alvenaria


3 - Ponte Rodoviária Variante da 125  inaugurada em 13 de Setembro de 1991. 
Tem 231,00 m de comprimento e vãos de  141,00 m. por 17 m de largura com 12m de faixa de rodagem num total de 842 m sobre o Rio Arade, também conhecido como Rio de Silves. A altura das torres atinge 61,5 m e a construção é anti-sísmica 


4 - Ponte sobre a Ribeira de Boina a Norte da Ladeira do Vau
(2 pontes: a Velha e a actual)



Velha e Nova- sobre a Ribeira de Boina na EN 124 na Ladeira do Vau a caminho de Monchique e Silves
À esquerda a "ponte velha" cortada ao trânsito. 
5 Ponte da Via do Infante
5.1. Sobre o Rio Arade




5.2. Sobre a Ribeira de Boina e EN 124

Resumindo 






Mas...Ainda há 150 anos era assim
O tracejado no rio assinala a rota da barca entre a margem esquerda (Parchal) e a margem direita (larfo da Barca no sítio da antiga central eléctrica e ex-lota


Painel de azulejos no Jardim da Água 

O Rio de Silves ou Rio Arade era uma barreira natural entre o Nascente e o Poente algarvio.
Coisa semelhante acontecia na ligação entre Villa Nova de Portimão e Monchique  para transposição da ribeira de Boina.
Há mais de um milénio, apesar de romanos terem andado também por estes lados e construído inúmeras vias e pontes por tudo quanto era sítio, nunca se lembraram de fazer esta ligação.
A travessia do rio era feita em barcas


Actualmente, esta navega Arade acima a caminho de  Silves

Esta navega pelo costa em visita de praias, algares e  grutas nomeadamente a famosa gruta de Benagil

Barcas do  Arade 
Segundo os entendidos estas duas  barcas (actualmente ao serviço do turismo) são  réplicas muito fiéis das barcas que ainda nos anos de quatrocentos  faziam a ligação entre as duas margens, com uma única diferença: as antigas eram deslocadas por remos ou varas e as actuais por dois motores fora de borda.


A circulação de pessoas e mercadorias entre o Leste e o Oeste Algarvio não era fácil
Três hipóteses se punham:
1 - Atravessar o rio a vau (*) (Portimão/Monchique)
2 - Atravessar o rio de barca (Portimão/Lagos)
3 - Fazer o percurso por mar (Nascente/Poente)

(*) Um vau (ou passo, porto ou portela) é um trecho de rio, lago ou mar com pouca profundidade permitindo a passagem a pé, a cavalo ou com um veículo.

Os Depósitos de Água em Portimão, Alvor e Mexilhoeira Grande


Mapa 1 - Portimão - Localização de Depósitos de Água

E por falar em água...
... vamos lá meter um pouco de água !!!
Desde sempre as grandes povoações tiveram problemas com o abastecimento de água...
Cântaros, alguidares, baldes, cisternas, tanques, poços, levadas, noras, condutas,  canais, aquedutos... de tudo o Homem se serviu para resolver o problema cada vez mais premente com o aumento da população nos espaços urbanos e não só.
Em Portugal e particularmente no Algarve a coisa nunca  foi, não é nem nunca será fácil.
Recorde-se que, por exemplo, o Sotavento é a a zona com o índice de pluviosidade  menor de todo o território.
Desde sempre até as águas da chuva tinham que ser armazenadas! e não faltou imaginação com a construção cisternas, uma por cada casa.
E não se pense que era fácil conservar potável a água que se armazenava.
E, curiosamente, não há memória da construção de qualquer aqueduto... agora poços, noras, cisternas, bicas, fontes, chafarizes...  multiplicavam-se da costa ocidental até à fronteira do Guadiana tanto pela Serra, quanto pelo Barrocal e mais ainda pelo Litoral.

PORTIMÃO SÉCULO XX

A população da Vila cresce, nasce a indústria conserveira, os poços, as fontes, os chafarizes, as cisternas tornam-se insuficientes. Há que abastecer a povoação.
Recorrem-se às nascentes mais afastadas e constrói-se o Reservatório da Boavista 1902.


Depósito da Boavista

1922 Estação elevatória da Figueira
1970 finais da década Reservatório Elevado da Figueira


Depósito da Figueira - Urbanização da Penina

Desta mesma década são os Reservatórios da Boavista (Rua Trabucho Alexandre), Alto Pacheco (Rua da Cruz Vermelha), Bemposta (Rua de Tânger), Amoreira (Rua Senhora de Miranda), Chão das Donas (Travessa Carlos de Oliveira) e Mexilhoeira Grande (CM 1068)

BOAVISTA

Depósito da Boa Vista - Rua Trabucho Alexandre

ALTO DO PACHECO

Alto do Pacheco - Rua da Cruz Vermelha

BEMPOSTA
Depósito da Bemposta - Rua de Tânger

AMOREIRA

Depósito da Amoreira - Rua Senhora de Miranda

CHÃO DAS DONAS



Depósito do Chão das Donas
ESTREMAL

Depósito de água do Estremal
Conjunto edificado do Bairro Operário do Estremal ao longo da Estrada da Rocha. Foto de Dagoberto Glória, c.1958.

MEXILHOEIRA GRANDE

Depósito da Mexilhoeira Grande - Caminho Municipal 1068 para o Arão

Mexilhoeira Grande . Vista Geral (Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção Depósito de Água

Monte Canelas
Reservatório - Monte Canelas

Na década de 80 Foi construída a "Grande Reserva" no Chão das Donas que passou a ser o ponto central do sistema de abastecimento de água a Portimão  sendo canalizada para lá toda a água produzida nas diversas origens e a partir daí distribuída pelos outros reservatórios apoiados, situados em redor da cidade de Portimão. A Grande Reserva foi ampliada uma década depois, com a construção de uma nova célula, igualmente, com capacidade de 15.000 m3.
Durante a década de noventa e no início da primeira década do século XXI, o Município procedeu à remodelação de uma parte significativa da rede de distribuição (80%), substituindo as antigas tubagens em fibrocimento e ferro, significativamente obstruídas pelo calcário acumulado, por tubagens em PVC.
A partir de Fevereiro de 2000, a “Grande Reserva” do Chão das Donas passou a ser o ponto de entrega da água proveniente do sistema multimunicipal de distribuição de água do Algarve, responsável por receber a quase totalidade da água distribuída no concelho. Cerca de uma década depois foi aberto um novo ponto de entrega para abastecimento exclusivo ao empreendimento turístico do Morgado do Reguengo.

MAPAS de DEPÓSITOS

DEPÓSITOS DE ÁGUA DE PORTIMÃO
Mapa 2 -  Portimão e Alvor

Depósitos de Água de Alvor 
Mapa 3 - 3 - Bemposta 5 - Amoreira

(Mantém-se a numeração do mapa anterior)

Depósitos de Água na Mexilhoeira


Mapa 4 - Mexilhoeira

terça-feira, 14 de maio de 2019


UNIVERSIDADE de COIMBRA
Cidade de História e Património
... de colinas e de rio ...
... de partidas e chegadas…
!!! CIDADE REAL !!!









1290 - D. Dinis cria os  Estudos Gerais em Lisboa.  Carta da fundação da Universidade em Portugal  (“Scientiani Thesaurus Mirabilis”) sob aprovação papal de Nicolau IV, o Studium Generale, contando quatro áreas do saber distintas: Artes, Medicina, Direito Canónico, Direito Civil - Leis.

1308 - D. Dinis transfere o Estudo Geral para Coimbra bula do Papa Clemente V
1309 - O Estudo Geral recebe o seu primeiro estatuto, a “Charta magna privilegiorum”.


1338 - D. Fernando  cria um novo estatuto estudantil e o Studio Generale regressa a Lisboa,
1354 - D. Fernando  volta a transferir a Universidade para Coimbra, onde se mantém até 1377
1357/8 - D. Fernando transfere-a para Lisboa. Nova Reforma introduzindo-se as faculdades de Gramática, Lógica e a separação do Direito Canónico do Direito Civil, sob aprovação do Papa Clemente VII


1503 - Estatutos Manuelinos
Desde o reinado de D. Manuel I, todos os Reis de Portugal passaram a ter o título de «Protetores» da Universidade, podendo nomear professores e emitir estatutos.


1537 - D. João III passa definitivamente a Universidade para Coimbra que se instala  nos Paços cedidos pelo rei D. João III para a sua acomodação. Manda construir uma torre a João de Ruão,  com o respectivo relógio  e sinos, pois segundo D. João III “nã podia aver boa ordem sem relógio”
1544: Todas as Faculdades da Universidade de Coimbra se reúnem no Pateo das Escolas.


1559 - Em 1 de Novembro entra em funcionamento em Portugal uma universidade jesuítica, a Universidade de Évora


1597 - A Universidade faz a aquisição do Paço da Alcáçova a Filipe I, por 30 mil cruzados, o qual passou imediatamente a designar-se Paço das Escolas.





1725 - No reinado de D. João V, João Frederico Ludovice terá feito o risco para  o portal da Biblioteca, construída entre 1716  e 1725.

1773 - No mesmo reinado é construída a Torre da Universidade de Coimbra (1728-1733) estilo Barroco. Nesta Torre está colocada, entre outros sinos, a célebre «cabra», que marcava as horas do despertar e do recolher dos estudantes.

(Curiosidade; o relógio andava sempre atrasado 15 minutos para facilitar a vida aos estudantes mais "pontuais")





A Torre da Universidade de Coimbra está dividida em 4 corpos. 

No primeiro fica naturalmente a entrada, o segundo apresenta 5 janelas: a primeira e a quinta em arco mais 3 janelas rectangulares,  o terceiro corpo é dos sinos e o quarto e último é o terraço com varandim, onde se instalou o famoso relógio com quatro mostradores, construído em Paris no ano de 1857.
Da base ao topo, uma longa escadaria em caracol com 180 degraus ao todo e 34 metros de altura


1772 - Reforma Pombalina



1836 - Fusão da Faculdade de Cânones e de Leis na Faculdade de Direito, e que veio a contribuir fortemente para a construção do novo aparelho legal liberalista.



INSIGNIA VNIVERSITATIS CONIMBRIGENSIS (1)


1911 - A Universidade recebe novos estatutos
1940  - 10 de Agosto  recebeu a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (atribuído por Óscar Carmona)
1942 - 1969 profunda alteração do espaço da Universidade.
Demolição de grande parte da Alta de Coimbra para construção de novos edifícios fora do espaço do Paço das Escolas: Faculdade de Letras. Medicina, Biblioteca e Matemáticas
1989 - Novos Estatutos




??? Novo selo ou logotipo da UC ??? 
(modernices "doutamente" fundamentadas)






 O "selo" representa a Sapientia coroada, em pé, com um livro aberto na mão esquerda, e um ceptro terminado em esfera armilar na direita. No chão encontram-se alguns livros e um crivo, do lado direito e um mocho do lado esquerdo. Este conjunto está enquadrado por um pórtico gótico e tem à volta na metade inferior a legenda INSIGNIA VNIVERSITATIS CONIMBRIGENSIS

Sapintitia que a gíria académica baptizou de Minerva

A história da representação simbólica da UC é complexa. 

Lembremo-nos que a Universidade de Coimbra tem mais de sete séculos, é uma das mais antigas da Europa. 
D. Dinis, em 1309, estabelece a obrigatoriedade de ter "selo" próprio. 
D. Manuel reforça a norma  mas, anteriormente a 1537, não há documento sobre o "selo". 
Em 1597 (Estatutos Filipinos) há uma descrição completa sobre as insígnias e respectiva figuração gráfica.

"sam hua figua de hua molher, que representa a sapiência, assentada com hua esphera na mão, rodeada de livros, & hua letra ao redor q diz: Per me Reges regnant, & legum conditores iusta decernunt"
Aí se estipula que estas insígnias serão apostas "em todas as fabricas, peças de prata, ornamentos ricos, & mais obras, & livros dela" e a legenda "Insígnia Vniversitatis Conimbricen"


Via Latina






A Sala Grande dos Actos é a principal sala da Universidade de Coimbra, local onde se realizam as mais importantes cerimónias da vida académica
Antiga Sala do Rei, foi remodelado pelo mestre Marcos Pires durante a segunda década do século de quinhentos.

Foi na Sala Grande dos Actos que ocorreram importantes episódios da vida da nação portuguesa, não fosse esta a Sala do Trono do Paço Real da Alcáçova, onde foi a aclamação de D. João I, Rei de Portugal. Esta alcáçova foi também o local onde viveram todos os Reis de Portugal durante a primeira Dinastia Portuguesa (1143-1383).

Em meados do século XVII a Sala dos Capelos (*) foi definitivamente transformada pelo mestre construtor António Tavares, mestre responsável por muitas outras obras da Universidade. Estas remodelações foram patrocinadas e levadas a efeito durante o reitorado de D. Manuel de Saldanha. No início do século XVIII a Sala voltou a ser submetida a obras, então dirigidas por Gaspar Ferreira que, entre outras coisas, renovou as coberturas e reforçou as paredes, fechando as janelas, varandas e portas manuelinas.

A pintura dos painéis do tecto é da autoria de Jacinto Pereira da Costa. Todas as obras gerais de pintura datam dos anos em torno de 1655, nas quais trabalharam em empreitadas de menor vulto Inácio da Fonseca e Luís Álvares.

As grandes telas com as figuras dos Reis de Portugal, desde D. Afonso Henriques até D. João IV, são da autoria do pintor Carlos Falch, um dinamarquês radicado em Portugal. As restantes são da autoria de diversos artistas (como João Batista Ribeiro, Columbano), e foram sendo colocadas de acordo com a sucessão dos monarcas.

O trabalho de carpintaria esteve a cargo de mestre Francisco de Morais, também responsável pelas molduras para os retratos pintados por Carlos Falch. As grades de madeira exótica foram executadas por Manuel da Costa e André de Almeida. Os azulejos com uma magnífica policromia e do tipo tapete foram fabricados em Lisboa.

Das diversas cerimónias que aí têm lugar destaca-se como primeira e mais emblemática a defesa de tese do Doutoramento, prova obrigatória para a obtenção do grau de Doutor. O candidato deve apresentar-se devidamente trajado com o hábito talar (calça preta – ou saia para as senhoras-, batina, camisa branca, capa preta comprida e sapatos pretos) perante o júri, também envergando as vestes talares da UC.

Após a prova, o novo Doutor dirige-se de novo à Sala dos Capelos para solicitar ao Reitor as insígnias doutorais: a Borla (barrete que simboliza a inteligência) e o Capelo (pequena capa curta de seda e veludo que simboliza a ciência), ambos da cor correspondente à Faculdade que concedeu o grau académico. 
Esta cerimónia solene, designada por Imposição de Insígnias, conta com a presença de todos os Doutores da Universidade que se apresentam com as respectivas insígnias.

É na Sala dos Capelos que se realizam as cerimónias mais importantes da Vida Académica:
* Cerimónia de Abertura Solene das Aulas;
* Cerimónia de Investidura do Reitor de 4 em 4 anos;
* Defesa da Tese de Doutoramento para obtenção do Grau de Doutor;
* Doutoramentos Honoris Causa que distinguem ilustres personalidade nacionais e estrangeiras no mundo da Ciência, Arte, Literatura, Economia, Política, Paz, Direitos Humanos...

Todas estas Cerimónias são acompanhadas pelos Archeiros e pela CHARAMELA (agrupamento musical da Universidade) que acompanha os préstitos  -cortejos académicos-  conferindo-lhes enorme brilho e dignidade e terminam a cerimónia tocando o Hino Académico posicionando-se ao fundo da sala, do lado direito.



Calcar na imagem para ouvir o Hino Académico

(*) Sala dos Capelos 
É que existe uma tradição em Coimbra em que os novos Doutores vão até essa Sala solicitar ao Reitor as insígnias doutorais, no caso, a Borla, que é um barrete simbolizando a inteligência e o tal Capelo, uma capa curta que simboliza a ciência. 
O nome dessa solenidade é Imposição das Insígnia !!!

As insígnias têm sempre a cor da respectiva Faculdade

Borla - Barrete / enfeite em forma de círculo, geralmente de madeira, recoberto de seda, com fios pendentes, preso pelo torçal que circunda a pala ou a gola da beca.

Capelo - uma capa curta que simboliza a ciência.


Cortejo de doutoramento em marcha pelo Pátio da Universidade
Doutores da Faculdade de Psicologia








Capela de São Miguel - Universidade de Coimbra
Calcar para ouvir Luís Goes 

Séc. XII A primitiva Capela de São Miguel remonta ao reinado de D. Afonso Henriques,
Séc XVI - XVIII  A actual é obra inteiramente manuelina pelo traço de Marcos Pires que, após a sua morte em 1521, deixou a obra inacabada. Nas obras de acabamento trabalharam Diogo de Castilho e João de Ruão, entre outros.



Quando a Universidade adquiriu o Palácio (1597), tomou posse igualmente da Capela que manteve o privilégio real. A Capela foi alvo de pequenas remodelações ao longo dos séculos XVII e XVIII. O revestimento azulejar da capela-mor datará de 1613, e a nave foi revestida com azulejos tipo “tapete” que foram fabricados em Lisboa. A pintura do tecto deve-se ao lisboeta Francisco Ferreira de Araújo e foi renovado mais tarde por António José Gonçalves das Neves.








Estatutos de 1591
EPÍTOME

1309 - Primeiros - D Dinis
1431 - Segundos reinado de D. João I
1503 - Terceiros reinado de D. Mnauel I, primeiro protector da Universidade                   eleito pelo corpo docente da Universidade
1559 - Quartos reinado de D. Sebastião
1591 - Quintos reinado de Filipe
1772 - Estatutos Pombalinos,  reinado de D. José I
1911 - Novos Estatutos
1989 - Estatutos actualmente em vigor - DR 1ª Série N 197 de 28-8-89
            2004 - Primeira alteração - Despacho Normativo Nº 30/2004


BIBLIOTECA JOANINA (D. João V) séc XVIII (construída entre 1717 e 1728)
 Arquiva documentos anteriores a 1800

A Biblioteca é  composta por 3 pisos 2 dos quais abaixo do nível do Páteo e ao lado direito das Escadas de Minerva



O Piso Nobre da Biblioteca é um espaço ricamente decorado, face mais emblemática da Casa da Livraria, onde se podem encontrar cerca de 40 mil preciosos livros. 

O Piso Intermédio é o local de trabalho e funcionou como casa da Guarda. 

Piso Inferior, consta da Prisão Académica, que de 1773 até 1834 foi o local de clausura dos estudantes.

A Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, século XVIII,  substituiu a antiga Casa da Livraria Universitária.

Piso Nobre

No Piso Nobre da Biblioteca destacam-se as três salas que comunicam entre si por arcos decorados e totalmente revestidos de estantes, encimados pelo escudo real: 
Na primeira sala contrasta o ouro sobre fundo verde; 
Na segunda, o dourado destaca-se num fundo vermelho e 
Na última um fundo negro dá vida aos detalhes áureos. 
As paredes estão cobertas por estantes de dois andares, em madeiras exóticas, douradas e policromadas, e os tectos que cobrem o espaço, pintados por Simões Ribeiro e Vicente Nunes, apresentam motivos alusivos às artes e às ciências coroados, ao centro, pela figura da Sapiência Divina.

Vista Geral do Interior da Universidade de Coimbra

Curiosidades sobre a Biblioteca Joanina

* À noite, após o fecho da Biblioteca, uma colónia de morcegos contribui para a boa manutenção dos livros comendo os insectos. As mesas ficam tapadas com peles que as protegem dos dejectos dos animais.
* No cofre da Biblioteca Joanina encontram-se exemplares de extrema raridade, como uma primeira edição dos Lusíadas, uma Bíblia Hebraica, editada na segunda metade do século XV, de que apenas existem cerca de 20 exemplares em todo o mundo, ou ainda a Bíblia Latina das 48 Linhas – assim chamada por possuir, exactamente, 48 linhas por página – impressa em 1462 por dois sócios de Gutenberg, considerada a mais bela das primeiras quatro bíblias impressas.
* Construída sobre uma prisão medieval, que mais tarde foi prisão académica, a Biblioteca Joanina dá ainda hoje acesso aos subterrâneos, que podem também ser visitados.


BIBLIOTECA GERAL


Biblioteca Geral 1962

No século XX, entre 1942 e 1960 as instalações da antiga Faculdade de Letras foram adaptadas à nova biblioteca  Biblioteca Geral que abriu em 1962.
Este Edifício Novo abriga um acervo de mais de 1 milhão de títulos num espaço de 7.000 m2.













A Porta Férrea é a porta de entrada no edifício que outrora foi do velho Paço Real da Alcáçova




https://www.360meridianos.com/dica/6-curiosidades-sobre-a-universidade-de-coimbra

Se essa era uma cidadela com funções de defesa  precisava ter um grande portão. 
Com a vinda dos reis e depois com a vinda dos estudantes, a função militar deixou de ser tão importante, mas o espaço não perdeu imponência. 
Ao entorno de um grande portão de ferro, no século XVII, o portal foi todo decorado com símbolos importantes para a Universidade, como a Sapiência, a insígnia da Universidade, os reis D. Dinis (fundador da Universidade)  e D. João III (que também tem, desde 1950 uma monumental estátua no meio do Paço), além de representações das faculdades maiores: Leis, Medicina, Teologia e Cânones.

A Alcáçova, zona elevada da cidade onde residiam as autoridades e com funções de defesa  viria a ser morada de reis portugueses a partir de 1130, tornando-se o primeiro Paço Real de Portugal.

No segundo terço do século XVII – quando as preocupações com a segurança tinham perdido relevância e as próprias torres da cerca da cidade, de há muito, tinham sido convertidas em habitações – levantou-se a Porta Férrea, cuja iconografia adopta linguagem claramente universitária.

A entrada e o exterior da Porta Férrea são coroados pela figura da Sapiência – a insígnia da Universidade, que figura também no empedrado do passeio que antecede a entrada.

Lateralmente, estão representadas, as faculdades maiores: no lado exterior, Leis e Medicina e, na face interior, Teologia e Cânones.


Porta de Minerva - No interior do Páteo da Universidade e ao lado esquerdo há uma segunda porta  -PORTA DE MINERVA- para acesso à UC, pelas Escadas de Minerva

Torre da Universidade




A cabra e o cabrão, casal de caprinos em qualquer parte do mundo, tem uma excepção em Coimbra.



Na Cidade dos Estudantes este casal de caprinos transforma-se num par de sinos da Torre da Universidade.

Os dois primeiros sinos estão ligados à vida académica e há muito foram assim baptizados porque -a Cabra-   sino vespertino,  anuncia o fim das aulas às 18 horas  e lembra que os estudantes a partir desta hora ficam sujeitos a vários tipos de praxe, nomeadamente os caloiros (estudantes com uma primeira matrícula) que ficam obrigados a recolher a penates.
O segundo, sino matutino -o Cabrão- ,  malquisto por todos, toca pela primeira vez às 7h30 minutos para despertar os alunos e chamá-los para as aulas. 
Ontem como hoje, a batida deste sino, conhecida como o Toque da Cabra, é um fenómeno que convoca a união e o sentimento comunitário e de clã dos estudantes de Coimbra, e também um símbolo que marca toda esta estrutura hierarquizada que é o corpo estudantil conimbricense.



(O badalo da cabra já foi "roubado" algumas vezes, pois se ele não tocasse nesse dia não havia aulas)



O terceiro -o Balão- é um sino que se encarrega de anunciar as solenidades e tem dois modos de tocar: balanceando ou repicando



Há ainda um quarto sino mais pequeno e que tem a missão de acompanhar os outros toques.

Os sinos tocavam por balanceamento do respectivo. 
Actualmente está tudo muito modernizado, os dadalos já desapareceram e foram substituídos por toques mecânico e automatizados



O Quarto de Hora Académico



O batimento das horas estava 15 minutos atrasado em relação à hora legal, era o chamado  "quarto de hora académico"  15 minutos de tolerância, tendo em conta "premiar" os estudantes mais preguiçosos, e não eram poucos, pois desde os tempos medievais sempre foi bem conhecida a vida boémia destes "bons"  escolares. 
(ainda hoje há de tudo)




A célebre Cabra


Réplica da "Cabra" doado pela Universidade de Coimbra (UC) à Universidade de São Paulo (USP) em 1954. por ocasião das comemorações do quarto centenário da fundação da cidade de São Paulo 

Os quatro sinos


A torre tem 4 sinos

* Cabra - Do lado Oeste de 1741 , refundido em 1900  -- Virado para a Baixa
* Cabrão - Virado a Este datado de 1824
* Balão  - O maior, datado de 1561 e virado a Norte   
O "pequenitatis"  virado Sul



Clicar na Torre para ouvir os sinos

O Relógio, visível e audível de muitos dos espaços urbanos,  apresenta 4 mostradores






O Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, localizado no coração da cidade de Coimbra desde 1772, por iniciativa do Marquês de Pombal, estende-se por mais de 13 ha em terrenos que na sua maior parte foram doados pelos frades Beneditinos.




O Botânico Avelar Brotero (1744-1828), nos finais do século XVIII foi o seu principal responsável e grande dinamizador do espaço.

CURIOSIDADE


Em 1887 foi erguida no Jardim Botânico a primeira estátua em Portugal a homenagear um homem da ciência. 
Por sugestão de Júlio Henriques, foi edificada a estátua de Avelar Brotero junto à entrada principal do Jardim.



Entre o século XIX e XX outro ilustre responsável foi Júlio Henriques (1838-1828) e que durante 40 anos foi Director do Botânico

SINOPSE CRONOLÓGICA

1774 - Está pronto a receber as primeiras plantas
1791 - O quadrado central fica pronto. Ergue-se o portão (D. Maria I) 
1807 - O JB é alargado com a compra da Cerca do Colégio de São José dos Marianos que aumentou para o dobro a área do jardim
1814-1821 - Retomam-se as obras (paradas por causa das Invasões Francesas) foi construída a imponente gradaria em pedra, ferro e bronze, a cerca do Jardim e aprovado o projecto para o portão principal colocado em 1884 (junto ao Aqueduto de São Sebastião - Arcos do Jardim)
1834-1854 - Feitos os lances de escadas da Alameda Central 
1868 - Extinto o Colégio de São Bento e entregue à Faculdade de Filosofia Natural, nele se instalam as várias dependências do Jardim
1852 - 1865 -  Projecto da Estufa  concluída em 1865

1876 - O Jardim ficou com 5 estufas: Estufa Fria, Estufa Quente, Estufa Tropical, Estufa de Orquídeas e  Estufa de Fetos 


Gravura de 1867 ao fundo os Arcos do Jardim -Aqueduto de S. Sebastião- em frente o Quadrado Central, ao fundo e à esquerda parte do Colégio de S. Bento


1878-1918 - Júlio Henrique Director do Jardim Botânico durante 40 anos. Veio a falecer com 90 anos em 1928 (1838-1928)


Jardim Botânico - 1880
Ao fundo o Aqueduto de São Sebastião construído entre 1568 e 1570 (reinado de D. Sebastião)


Júlio Henriques nomeado Director do Jardim Botânico em 1873

Espaços do Jardim: 


Alameda das Tílias, Estufa Grande, Recanto Tropical, Quadrado Central - Fontanário, Estufa Fria, Escolas Sistemáticas-Escola Médica, Bambuzal-Capela de São Bento, Mata, Portão Principal (são 3 os portões: o do Aqueduto, o da Alameda Júlio Henriques e o do Colégio Universitário de São José dos Marianos (Hospital Militar Regional Nº 2 até 2009)


Coimbra - Jardim Botânico - Portão Principal - Alameda Júlio Henriques (1884)

e Monumento a Avelar Brotero
Avelar Brotero 1887 
(Primeira estátua erigida em Portugal a um Homem de Ciência)


Convento de São Bento - Coimbra - Proprietários do espaço onde o Marquês de Pombal projectou a construção do Jardim Botânico



Aqueduto de São Sebastião e Igreja do Colégio de São Bento





Deve-se a Fr. Diogo de Murça, da Ordem de São Jerónimo, nomeado por D. João III, em 1543, 4.º Reitor da Universidade desde a sua transferência definitiva para Coimbra, a fundação, em 1555, de um Colégio Universitário para os «Monges-estudantes de S. Bento»

Sendo comendatário do Mosteiro de S. Miguel de Refojos (Cabeceiras de Basto), Fr. Diogo de Murça conseguiu, em 1549, obter bula papal, autorizando-o a, com as rendas desse Mosteiro, fundar três colégios em Coimbra: um da Ordem de São Bento, outro da Ordem de São Jerónimo e outro para colegiais pobres (que não chegou a ser erigido).

Poucos anos depois da instituição do Colégio, os beneditinos adquiriram uma vasta propriedade no sítio da Genicoca, na encosta voltada a sudeste da muralha da cidade, terreno que, com o andar dos anos, foram aumentando e dilatando até chegarem ao rio, no sítio que ficou conhecido por “porto dos Bentos” e “ínsua dos Bentos”.

Foi na parte mais elevada do terreno, junto aos arcos do Aqueduto de S. Sebastião (construído entre 1568 e 1570), que iniciaram, em 1576, a construção do imponente Colégio (o segundo maior em área construída, a seguir ao Colégio de Jesus, mas suplantando este pela localização privilegiada e pela esplêndida cerca). As obras do Colégio de S. Bento finalizaram com a construção da Igreja, sagrada em 19 de Março de 1634 por Frei Leão de São Tomás, que nela foi sepultado.
Com a extinção das ordens religiosas, em 1834, ficou abandonado o edifício de S. Bento.

Nesta área há um antes e um depois do "Mata Frades" que ainda por cima era natural de Coimbra cujo povo lhe pagou bem as atrocidades cometidas nunca permitindo que a sua estátua, colocada no Largo da Portagem, tivesse honras de inauguração.

No contexto mas fora do artigo
Mata Frades já pode repousar tranquilamente, pois nos finais do século XX e inícios do século XXI foi apeado pelos muitos  "quarenta e quatros" entretanto germinados


Em 1836, parte foi entregue à Universidade para o alugar para habitação de lentes, estudantes e empregado
Em 1848, outra parte foi reservada à colocação de estabelecimentos científicos universitários, especialmente ligados ao Jardim Botânico e gabinetes de agricultura.
O mais grave foi a destinação, em 1849, de parte do edifício para quartel militar (“As barbaridades, vandalismos selvagens e actos de rapinagem, que a soldadesca então lá praticou, constituem uma das páginas vergonhosas da história daquele tempo

1869/1870, o Liceu de Coimbra é transferido do Colégio das Artes para o Colégio de S. Bento

1880 o templo fechou-se, e seguiu-se a devastação. Arrancaram-se os riquíssimos retábulos e os cadeirais do coro e o edifício tomou o aspecto duma casa saqueada, abandonada, em ruínas.
Foram roubados os azulejos, até à altura onde podia chegar-se de cima de um banco ou duma mesa, e houve até quem se entretivesse a alvejar a revólver, apontando a azulejos e partindo-os ou lascando-os.

Em finais de 1931, iniciou-se a demolição da Igreja de S. Bento. 

O crime consumou-se em Janeiro de 1932.

1931-32 -Destruição da Igreja de São Bento

--- Destruíram a Igreja de São Bento mas assim se alargou a rua do Arco da Traição. 
... e nem sequer cuidaram de fazer o levantamento do edifício da Igreja, das magníficas cantarias, azulejos e  rico espólio

Os vândalos estão de parabéns... !!!!"








Apenas se conservam, no Museu Machado de Castro,  cinco peças provenientes da Igreja de S. Bento: 
* duas belas esculturas de madeira (uma “Pietà” e um “S. Miguel”), da autoria do bracarense Manuel de Sousa, nascido entre 1645 e 1650 e que, por volta dos 30 anos, ingressou no mosteiro de Tibães, a casa- mãe dos beneditinos, adoptando o nome de Frei Cipriano da Cruz; 
* um cálice em prata dourada oferecido por D. Gueda Mendes em 1152 ao Mosteiro de S. Miguel de Refojos; 
* e uma escudela e uma  * jarra de altar, em “louça de Málaga”.

(Texto respigado do Jornal "O Poney" da autoria de Mário Torres)



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