Sumário

sábado, 1 de junho de 2019

CONVENTO DE SÃO FRANCISCO

Convento de São Francisco
Igreja de Nossa Senhora da Esperança

Século XVI (Foto de 1901)

Depois de muitos estudos e muitas investigações uma coisa é certa.

A Igreja de Nossa Senhora da Esperança, núcleo mais antigo da construção,  já existia quando Simão Correia, Capitão de Azamor, e figura importante do Algarve quinhentista, doa aos Franciscanos (Padres Observantes da Província de Portugal)  uma casas que comprara na margem direita do Rio de Silves, junto à foz, no sítio do Estremal (Estrumal para outros) 

(Estremal porque ficava no extremo da povoação)
(Estrumal para caracterizar o espaço do sapal, lodoso,  onde as casas estavam construídas)

Era, na altura, esta zona do rio uma pequeníssima  península ou melhor, uma ponta ou pontal entre esteiros da margem direita do Rio de Silves (Arade). 

A construção do  Convento terá sido iniciado, pelo próprio Simão Correia, na segunda década do século XVI (é o que parece atestar o facto de quando os frades ocuparam em 1641 já existia o brasão de armas de Simão Correia na entrada principal do edifício.


A Igreja é a parte mais antigo de todo o conjunto. 
Arquitectura conventual manuelina , maneirista, de nave única com portal manuelino. O Convento tem como módulos principais: 
Igreja de Nossa Senhora da Esperança
O claustro manuelino de dois pisos, 
Casa do Capítulo 
A cerca a delimitar todo o espaço 
Cisternas
Espaços verdes

No século XIX, após a extinção das Ordens Religiosas, pelo tristemente célebre "Mata Frades", o convento é vendido em hasta pública por 4000$000, a José Maria Eugénio de Almeida. A Igreja serviu como depósito de cortiça e como tal sofreu um grande incêndio a 24 de Abril de 1884. Em 1911, o conjunto passou para a posse de  João António Júdice Fialho, um dos principais nomes ligados à indústria piscatória-conserveira, que o transformou em armazém e depósito e Fábrica de Conservas 

Nesta foto é bem visível a Fábrica de Conservas que Fialho Júdice mandou construir em 1904 bem como as casas para os operários conserveiros, à direita e no velho caminho para a Ponta e Fortaleza de Santa Catarina.
Descrição feita pelo Padre José Vieira, na sua Memória Monográfica de Portimão em 1909 (livro publicado em 1911) O autor escreve, que em Portimão existem três fábricas de conservas de peixe: a de São José (construída em 1892), a do Estrumal, também conhecida por São Francisco (construída em 1904), ambas de Júdice Fialho, e outra igualmente de nome São Francisco, esta propriedade da firma “Feu Hermanos”.
Na margem direita do rio na Quinta Foz do Arade, propriedade de Francisco Bivar Weinholtz, que a arrendara e depois vendera a João António Júdice Fialho, este já tinha mandado construir um estaleiro naval para construção e reparação das próprias embarcações de pesca.

Convento Franciscano de Nossa Senhora da Esperança - Desenho de Luís Peres
Após a extinção das Ordens religiosas, o convento teve várias funções, todas contribuindo para a sua lenta destruição.
A 24 de Abril de 1884, servindo a igreja de depósito de cortiça, deflagrou um incêndio que consumiu grande parte do conjunto e a totalidade do seu recheio.
Depois  passou para a posse  de Francisco Bivar Weinholtz que em no início do século XX a arrendou e posteriormente a vendeu a Júdice Fialho

(*)
O título Nossa Senhora da Esperança tem duas origens que se complementam. A primeira, é inspirada na experiência da própria Virgem Maria, quando de sua gravidez. Esse título exprime a esperança de Maria em ver seu Filho Santo ao fim da gravidez. 
A segunda origem, parte dos fiéis, que sempre tiveram na Santa Mãe a esperança de que ela os ajude em suas necessidades pessoais. 
Por causa disso, ela foi chamada na liturgia de “Esperança dos desesperados”.


Um dos ilustres devotos de Nossa Senhora da Esperança em Portugal foi Pedro Álvares Cabral. Ele tinha uma linda imagem da Santa em sua casa. Cabral levou-a consigo na sua grande viagem de descoberta do Brasil. Assim, o Brasil foi descoberto sob a protecção de Nossa Senhora da Esperança.
Esta imagem histórica mostra-nos a Virgem Maria tendo o Menino Jesus sentado em seu braço esquerdo. Este, aponta para uma pomba que está no braço direito de Maria. Esta imagem está, hoje, na cidade de Belmonte, Portugal.





Convento de São Francisco foto de 1901
Rita Ceríaco Pereira 
Um dos Projectos de restauro do Convento
Rita Ceríaco Pereira





GONÇALO VAZ de CASTELO BRANCO 
Primeiro Senhor de Vila Nova de Portimão - por D. Afonso V - 1469

Brasão de Gonçalo Vaz de Castelo Branco
Primeiro senhor de Vila Nova de Portimão 








Brasão - SIMÃO CORREIA - PORTIMÃO
«Armas de Simão Correia, no Convento de São Francisco, em Portimão

Armas de Simão Correia, fidalgo dos conselhos de D. Manuel e D. João III, alcaide-mor de Moura (1500) e de Castro Marim (1509), governador de Tânger (desde 1516), COC, enviado por vedor da infanta D. Brites (filha de D. Manuel) a Sabóia em 1521, onde foi feito conde de Lis pelo respectivo duque, e fundador do convento de Nossa Senhora da Esperança de Portimão, donde proveio esta pedra de armas, actualmente no Museu de Portimão







quinta-feira, 23 de maio de 2019

PONTES de PORTIMÃO

SUMÁRIO DO BLOG na linha abaixo da gravura de entrada. 
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Meia dúzia de reflexões sobre a semântica do tema de hoje



Na campo semântico a frase do azulejo mostra um excelente exemplo de sinonímia para uns e de antonímia para outros 



O vocábulo - ponte - tem origem no latim pons, que por sua vez tem origem na língua extinta etrusca pont, que significa "estrada".
Outra possível origem da palavra é o vocábulo grego póntos que deriva do radical pent, que significa "acção de caminhar"

AS PONTES e a SEMÂNTICA

A POLISSEMIA de PONTES 
multiplicidade de significados.
Do grego polis, significa "muitos", enquanto sema refere-se ao "significado".

Pontes simbolizam união por excelência pois são construções que permitem interligar, ao mesmo nível, pontos não acessíveis separados por rios, vales,  outros obstáculos naturais ou artificiais
ou
um factor de união ou de encontro entre pessoas, culturas, povos, 
ou ainda simbolizam encontro de ideias




Tipos de Pontes segundo a utilização dada

* pontes pedonais para passagem de pessoas ou animais pelo próprio pé 

* pontes rodoviárias para o tráfego de veículos de tracção animal ou mecânica
Ponte Romana de Alcântara (ponte fortificada)

Ora aqui temos um linda redundância mourisca-luso-castelhana.
A povoação de Alcântara, na Estremadura espanhola, Província de Cáceres, tomou o nome de Alcântara (ponte, em árabe) exactamente por estar nas proximidades da célebre e linda ponte romana sobre o Tejo.
Em Portugal temos alguma povoações com topónimo com a mesma origem (p.e.) Alcântara Lisboa e mais curiosamente há uma povoação algarvia que vai buscar a origem ao mesmo topónimo "alcântara" mas como a ponte era pequenina ficou Alcantarilha. Refiro-me como é evidente a Alcantarilha, freguesia do Concelho de Silves.

* pontes ferroviárias para o tráfego de comboios

* aquedutos para passagem de água

* oleodutos para passagem de petróleo e seus derivados


 * viadutos passagens aéreas nas áreas urbanas e não só

Viaduto Duarte Pacheco

Viaduto de acesso a Lisboa, começa no final da Serra de Monsanto, atravessa o Vale de Alcântara, indo terminar em Campolide, 
Inaugurado a 28 de Maio de 1944 ao mesmo tempo que se  inaugurava a primeira autoestrada em Portugal (e das primeiras do Mundo)  Lisboa-Estádio Nacional (Oeiras) com 471 m de comprimento, 24 de largura e 27 m de altura máxima.

Curiosidade: No dia da inauguração, o governo da altura,  distribuiu 25$00 a 14.000 pobres de Lisboa e a 5.000 pobres do Porto. 
(Por antonímia, actualmente, os políticos envolvidos neste tipo de obras embolsam  milhões de euros e mais embolsam quanto maior for a derrapagem,  posteriormente ainda são nomeados para os respectivos conselhos de administração e não deixam de ser recompensados com medalha e comenda)



Construção do Viaduto Duarte Pacheco

Repare-se no aspecto árido da Serra de Monsanto.
Pedregosa e completamente desflorestada. 
Por esta época, 1929, foi elaborado o Plano de Arborização mas  é a Duarte Pacheco que se deve a criação do Parque Florestal de Monsanto em  1934  (Decreto-Lei n.º 24625).
O projecto de arborização é da responsabilidade do Eng. Silva Joaquim Rodrigo.
As poucas árvores que existiam na Serra eram as da Mata de São Domingos de Benfica, as da Tapada da Ajuda e ainda algumas oliveiras que ladeavam as estradas que dividiam os terrenos.
Actualmente é o grande pulmão da capital


PONTES de PORTIMÃO
1 -  Ponte Velha EN 125 -  ano de 1876
8 pilares e 2 apoios. 
Entre os dois últimos pilares, da margem direita há uma largura reduzida - uns 10m - para permitir a passagem de embarcações sobretudo na maré alta
Ponte velha de Portimão sobre o rio Arade liga os Municípios de Portimão e Lagoa tendo sido inaugurada em 1876.
Fechou para reparações em 2007 e reabriu em 15 de Julho de 2009


2 - Ponte Ferroviária  1915 com 6 arcos em ferro e 5 pilares em alvenaria


3 - Ponte Rodoviária Variante da 125  inaugurada em 13 de Setembro de 1991. 
Tem 231,00 m de comprimento e vãos de  141,00 m. por 17 m de largura com 12m de faixa de rodagem num total de 842 m sobre o Rio Arade, também conhecido como Rio de Silves. A altura das torres atinge 61,5 m e a construção é anti-sísmica 


4 - Ponte sobre a Ribeira de Boina a Norte da Ladeira do Vau
(2 pontes: a Velha e a actual)



Velha e Nova- sobre a Ribeira de Boina na EN 124 na Ladeira do Vau a caminho de Monchique e Silves
À esquerda a "ponte velha" cortada ao trânsito. 
5 Ponte da Via do Infante
5.1. Sobre o Rio Arade




5.2. Sobre a Ribeira de Boina e EN 124

Resumindo 






Mas...Ainda há 150 anos era assim
O tracejado no rio assinala a rota da barca entre a margem esquerda (Parchal) e a margem direita (larfo da Barca no sítio da antiga central eléctrica e ex-lota


Painel de azulejos no Jardim da Água 

O Rio de Silves ou Rio Arade era uma barreira natural entre o Nascente e o Poente algarvio.
Coisa semelhante acontecia na ligação entre Villa Nova de Portimão e Monchique  para transposição da ribeira de Boina.
Há mais de um milénio, apesar de romanos terem andado também por estes lados e construído inúmeras vias e pontes por tudo quanto era sítio, nunca se lembraram de fazer esta ligação.
A travessia do rio era feita em barcas


Actualmente, esta navega Arade acima a caminho de  Silves

Esta navega pelo costa em visita de praias, algares e  grutas nomeadamente a famosa gruta de Benagil

Barcas do  Arade 
Segundo os entendidos estas duas  barcas (actualmente ao serviço do turismo) são  réplicas muito fiéis das barcas que ainda nos anos de quatrocentos  faziam a ligação entre as duas margens, com uma única diferença: as antigas eram deslocadas por remos ou varas e as actuais por dois motores fora de borda.


A circulação de pessoas e mercadorias entre o Leste e o Oeste Algarvio não era fácil
Três hipóteses se punham:
1 - Atravessar o rio a vau (*) (Portimão/Monchique)
2 - Atravessar o rio de barca (Portimão/Lagos)
3 - Fazer o percurso por mar (Nascente/Poente)

(*) Um vau (ou passo, porto ou portela) é um trecho de rio, lago ou mar com pouca profundidade permitindo a passagem a pé, a cavalo ou com um veículo.

Os Depósitos de Água em Portimão, Alvor e Mexilhoeira Grande


Mapa 1 - Portimão - Localização de Depósitos de Água

E por falar em água...
... vamos lá meter um pouco de água !!!
Desde sempre as grandes povoações tiveram problemas com o abastecimento de água...
Cântaros, alguidares, baldes, cisternas, tanques, poços, levadas, noras, condutas,  canais, aquedutos... de tudo o Homem se serviu para resolver o problema cada vez mais premente com o aumento da população nos espaços urbanos e não só.
Em Portugal e particularmente no Algarve a coisa nunca  foi, não é nem nunca será fácil.
Recorde-se que, por exemplo, o Sotavento é a a zona com o índice de pluviosidade  menor de todo o território.
Desde sempre até as águas da chuva tinham que ser armazenadas! e não faltou imaginação com a construção cisternas, uma por cada casa.
E não se pense que era fácil conservar potável a água que se armazenava.
E, curiosamente, não há memória da construção de qualquer aqueduto... agora poços, noras, cisternas, bicas, fontes, chafarizes...  multiplicavam-se da costa ocidental até à fronteira do Guadiana tanto pela Serra, quanto pelo Barrocal e mais ainda pelo Litoral.

PORTIMÃO SÉCULO XX

A população da Vila cresce, nasce a indústria conserveira, os poços, as fontes, os chafarizes, as cisternas tornam-se insuficientes. Há que abastecer a povoação.
Recorrem-se às nascentes mais afastadas e constrói-se o Reservatório da Boavista 1902.


Depósito da Boavista

1922 Estação elevatória da Figueira
1970 finais da década Reservatório Elevado da Figueira


Depósito da Figueira - Urbanização da Penina

Desta mesma década são os Reservatórios da Boavista (Rua Trabucho Alexandre), Alto Pacheco (Rua da Cruz Vermelha), Bemposta (Rua de Tânger), Amoreira (Rua Senhora de Miranda), Chão das Donas (Travessa Carlos de Oliveira) e Mexilhoeira Grande (CM 1068)

BOAVISTA

Depósito da Boa Vista - Rua Trabucho Alexandre

ALTO DO PACHECO

Alto do Pacheco - Rua da Cruz Vermelha

BEMPOSTA
Depósito da Bemposta - Rua de Tânger

AMOREIRA

Depósito da Amoreira - Rua Senhora de Miranda

CHÃO DAS DONAS



Depósito do Chão das Donas
ESTREMAL

Depósito de água do Estremal
Conjunto edificado do Bairro Operário do Estremal ao longo da Estrada da Rocha. Foto de Dagoberto Glória, c.1958.

MEXILHOEIRA GRANDE

Depósito da Mexilhoeira Grande - Caminho Municipal 1068 para o Arão

Mexilhoeira Grande . Vista Geral (Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção Depósito de Água

Monte Canelas
Reservatório - Monte Canelas

Na década de 80 Foi construída a "Grande Reserva" no Chão das Donas que passou a ser o ponto central do sistema de abastecimento de água a Portimão  sendo canalizada para lá toda a água produzida nas diversas origens e a partir daí distribuída pelos outros reservatórios apoiados, situados em redor da cidade de Portimão. A Grande Reserva foi ampliada uma década depois, com a construção de uma nova célula, igualmente, com capacidade de 15.000 m3.
Durante a década de noventa e no início da primeira década do século XXI, o Município procedeu à remodelação de uma parte significativa da rede de distribuição (80%), substituindo as antigas tubagens em fibrocimento e ferro, significativamente obstruídas pelo calcário acumulado, por tubagens em PVC.
A partir de Fevereiro de 2000, a “Grande Reserva” do Chão das Donas passou a ser o ponto de entrega da água proveniente do sistema multimunicipal de distribuição de água do Algarve, responsável por receber a quase totalidade da água distribuída no concelho. Cerca de uma década depois foi aberto um novo ponto de entrega para abastecimento exclusivo ao empreendimento turístico do Morgado do Reguengo.

MAPAS de DEPÓSITOS

DEPÓSITOS DE ÁGUA DE PORTIMÃO
Mapa 2 -  Portimão e Alvor

Depósitos de Água de Alvor 
Mapa 3 - 3 - Bemposta 5 - Amoreira

(Mantém-se a numeração do mapa anterior)

Depósitos de Água na Mexilhoeira


Mapa 4 - Mexilhoeira